segunda-feira, 27 de junho de 2011

Há quem receite a palavra ao ponto de osso, de oco;
ao ponto de ninguém e de nuvem.
Sou mais a palavra com febre, decaída, fodida, na 
sarjeta.
Sou mais a palavra ao ponto de entulho.
Amo arrastar algumas  no caco de vidro, envergá-las
pro chão, corrompê-las
até que padeçam de mim e me sujem de branco.
Sonho exercer com elas o ofício de criado:
usá-las como quem usa brincos.


Manoel de Barros - do livro Arranjos para assobio

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