ÉTICA DA CLÍNICA
Legiões de psiquiatrizados de toda parte ajoelham-se no altar dos psicofármacos e dos cérebros à mão. Tudo conspira a favor do consumo de pacotes cientificamente autorizados para ações lucrativas. No entanto, mesmo desbotada e segregada nos grilhões cidológicos, a diferença resiste. A ética da potência de viver afirma-se como ética de poetas itinerantes.
O discurso e a prática da diferença exploram o avesso da ordem do estado capitalista. Quem se interessa em criar, fazer nascer? Pergunta insana, na medida em que os poderes investem na repetição do mesmo e no rigor mortis do pensamento. Por isso, uma clínica da diferença considera as determinações sócio-políticas como a superfície da ação mais concreta. O ato clínico. Em suas pesquisas, não encontra respostas exatas, mas problemáticas instigantes.
Se a loucura é a experiência que atravessa a subjetividade, (mesmo que não estejamos loucos, podemos entrar num devir-loucura), tudo muda na percepção fina da realidade do Encontro. Um novo universo se desvela. Somos devires incontroláveis.
Antonio Moura - do livro Trair a psiquiatria
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