sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

ÉTICA DA CLÍNICA

Legiões  de psiquiatrizados  de toda parte ajoelham-se  no altar  dos psicofármacos e dos  cérebros   à mão. Tudo conspira a favor do consumo  de pacotes  cientificamente autorizados  para ações lucrativas. No entanto, mesmo   desbotada e segregada nos  grilhões cidológicos, a diferença  resiste. A ética da potência  de viver afirma-se    como  ética  de poetas   itinerantes.
O discurso e a prática da  diferença  exploram  o avesso   da  ordem  do  estado  capitalista. Quem se  interessa  em criar,  fazer nascer?   Pergunta  insana,  na  medida em que  os  poderes investem na   repetição do  mesmo e  no  rigor  mortis   do pensamento.  Por  isso,   uma  clínica  da diferença considera as  determinações sócio-políticas  como  a     superfície  da  ação  mais  concreta. O  ato  clínico.  Em  suas  pesquisas, não  encontra  respostas  exatas, mas   problemáticas instigantes.
Se  a loucura é  a experiência que   atravessa a subjetividade,  (mesmo que não estejamos    loucos, podemos entrar  num devir-loucura), tudo  muda  na  percepção fina  da  realidade do  Encontro. Um novo universo se  desvela. Somos devires incontroláveis.

Antonio Moura - do livro Trair a psiquiatria

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