segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

PRODUÇÃO SUBJETIVA MIDIÁTICA

O jornalismo é uma bomba aspirante-premente que, recebidas de todos os pontos do globo,  cada manhã, são, no mesmo dia, propagadas a todos os pontos do globo no que elas têm ou parecem ter de interessante ao jornalista, tendo em vista o objetivo que ele persegue e o partido de que é a voz. Suas informações, em realidade, são impulsos gradativamente irresistíveis. Os jornais começaram por exprimir a opinião, inicialmente a opinião local de grupos privilegiados, uma corte, um parlamento, uma capital dos quais reproduziam os mexericos, as discussões, os discursos; acabaram por dirigir e modelar a opinião quase a seu bel-prazer, impondo aos discursos e às conversações a maior parte de seus temas cotidianos.
Não se saberá, não se imaginará jamais até que ponto o jornal transformou, enriqueceu e nivelou ao mesmo tempo, unificou no espaço e diversificou no tempo as conversações dos indivíduos, mesmo dos que não lêem jornais, mas que, conversando com leitores de jornais, são forçados a seguir a trilha de seus pensamentos de empréstimo. Basta uma pena para pôr em movimento milhões de línguas (...)


Gabriel Tarde - do livro A opinião e as massas

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