quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O REMÉDIO

Quando o paciente vai buscar o remédio, o psiquiatra entrega; situação mais comum do que se  supõe. Um dueto pessoal  funciona como máquina de tratar sem tratar.O remédio é uma extensão do médico, um cabo conectado com a verdade. A substituição do  tratamento real pela receita burocrática   sequer  é notada.  É possível  que a questão do tratamento  nem  se ache  na  cena. O médico não passou um remédio. É o contrário: o Remédio é quem  passou o médico para  o rol dos agentes  do corpo  apassivado (...)

Antonio Moura - do livro Trair a psiquiatria

Um comentário:

  1. Olá, Moura.

    Arrisco dizer o seguinte: parece que há uma questão que antecede a (e ao mesmo tempo, dá suporte à) prática "remedeira". É a própria (de)formação dos médicos, pelo menos dentro do conceito que conhecemos naquilo que chamamos de Ocidente. Fiquei chocado quando numa ocasião conversei com um amigo que é médico homeopata e terapeuta e ele disse que na faculdade de medicina não se discute sequer o conceito de cura (!). E a indústria medicamentosa, é claro, se desenvolve também por esse viés aí.

    Um abraço.

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