segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A SERVIDÃO VOLUNTÁRIA EM SAÚDE MENTAL

Seja  o caso  da  reforma  psiquiátrica.  Há   grupos de trabalho   chamados  de  equipes  técnicas  multidisciplinares. Seriam   grupos de fato ou formações seriais   de  técnicos?  Seriam  grupos  assujeitados  à  ordem  administrativa ou   a alguma  outra  ordem?  Ora,   os papéis técnicos compõem um repertório  de ações práticas (técnicas) para com o paciente. Essas práticas correspondem a modos  de subjetivação, as quais precedem  a  fundação dos  grupos. Eles  vêm  de  fora, consistindo  forças que secretam sem parar o valor e o significado das  práticas. O ideário da reforma psiquiátrica cunhou o rechaço ao hospital psiquiátrico e a valorização do usuário como ser humano. No entanto, este  humanismo  não  foi  suficientemente  forte  para levar   a clínica (ou seja, o encontro com o usuário) para formas descoladas  dos  antigos   clichês   do  hospício. Entre estes, persiste  a  submissão  ao poder psiquiátrico  como  representante  autorizado da Ciência.  Tal submissão produz efeitos sobre o paciente, reduzindo-o a um cérebro que consome remédios químicos.  É uma constatação já denunciada por segmentos sociais interessados na qualidade da assistência prestada aos portadores de transtorno mental (...)

Antonio Moura

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