domingo, 26 de fevereiro de 2012

ARTE  E  PSIQUIATRIA

Falamos da  arte como composição de linhas  subjetivas que  buscam  expressar e criar um mundo. É possível captar essas  forças no Encontro  com o paciente. A psiquiatria capta outras forças, é bem verdade, as  do  organismo físico-químico  adoecido  pelas condições em que  vive. Isso  significa    fabricado por múltiplas   determinações que escapam ao controle  do  eu. Escapam também ao enquadre linear  causa-efeito. Contudo, o que  o paciente  diz sentir  é o que  importa.  A arte, surge, então,   como resistência  às  situações  existenciais   adversas. Nesse  sentido  ela está  fora  da  psiquiatria, não havendo  encontro possível. A linguagem da  arte é  inseparável da  sensação,  pura  sensação que constitui a  subjetividade como semiótica  a-significante. Ou seja, não  sendo submetida à consciência  (“eu, enquanto indivíduo”), a produção da arte  é uma produção de singularidades que  retira matéria  viva    do caos .  Na psiquiatria  atual, no lugar da produção,o produto  é capturado (e  imobilizado)  por exames  de imagem. Sob controle (...)

Antonio Moura - do livro Trair a psiquiatria

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