sábado, 4 de fevereiro de 2012

SALVADOR,  MEU AMOR

Salvador é uma cidade linda e miserável. O profundo desnível sócio-econômico que lhe constitui é encoberto por uma produção  midático-subjetiva bem engendrada. Isso é  crônico e cínico.    Na chamada  alta estação e  proximidade do carnaval, a "ditadura da felicidade", como diz Sérgio Bianchi, deixa vazar mais, mais  violência. Claro, contra o trabalhador que sai dos shoppings luxuosos às 23 hs. E contra  muitos outros... Mais  que nunca , o modelo de relação social  da antiga senzala permanece oculto, mas em pleno funcionamento  no  cotidiano. No meio disto,  um pacote turístico multicolorido é consumido pelos próprios baianos,  deslumbrados com  o ser-baiano,  identidade que lhes  fornece um território afetivo-existencial-regional.  Orgulho de ser baiano.  No entanto, quando explode uma greve como a dos policiais, as soluções que surgem são   antigos remédios. Vísceras são expostas e o  corpo  metastático  da cidade continua a inchar, ainda que a comparação médica lhe  seja fraca e a realidade mais cruel do que se imagina. 

Antonio Moura

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