quarta-feira, 15 de agosto de 2012

ARTE DA CLÍNICA

(...) (...) Acordar, vestir-se, trabalhar, ir à rua, fazer algo, encontrar alguém, etc.  Ora,  o chamado  doente  não  é  propriedade da  Saúde Mental. Por mais “dependente” que seja dos seus cuidados, existem  linhas  de singularização existencial  traduzidas num estilo de viver/adoecer. Elas  lhe  conferem  potência. A arte entra  nesse contexto em  níveis justapostos. São  eles: a)  Subversão da linguagem  verbal  pela  linguagem  não-verbal marcada  por  signos  a-significantes. Outras sintaxes, outras semânticas, outros léxicos.b) Criação de territórios  existenciais  insólitos, mas suficientemente capazes de se sustentarem por si mesmos (a autonomia).c) Primado da espontaneidade criativa(no sentido  usado  por  Moreno) no  lugar  da adequação repetitiva aos  padrões sociais  vigentes. d)Utilização do humor (a leveza do dançarino) como recurso prático para o enfrentamento com os problemas do  cotidiano. e) Reinvenção da  corporalidade para  além  do corpo automatizado e apassivado  produzido pelos fármacos. f) O trabalho terapêutico incluindo  temas como a morte, o amor  e o poder, etc, os  quais  podem ser dramatizados em papéis imaginários (sociodrama).g) por fim, a arte como arte de viver, talvez a  maior  de  todas  as  artes.
(...)
A.M. - do livro Trair a psiquiatria

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