LOUCURAS GRUPAIS
(...) (...) A que interesses atende o grupo? Pode ser o interesse do Estado, querendo suas apacs para justificar a assistência. O que mais? O interesse da sociedade como um todo e o seu senso comum para saber como andam (e o que fazem ) com seus loucos. Ao contrário, acreditamos que o grupo deve atender aos interesses da loucura. Entendemos esta como a conduta libertária avessa aos domínios do Estado e dos seus aparelhos conexos. Nenhum romantismo. A loucura, na verdade, não tem e não vive de interesses. Ela vive do desejo, é o desejo espraiando-se em produções ao acaso dos encontros. Tal definição alcança o campo do impessoal. Portanto, não falamos do louco, mas da loucura que poderá se encarnar, aí sim, num suposto louco. Pois o desejo está em toda a parte onde se trabalha com o louco. Ressoa a questão: que linhas o desejo percorre ou, ao contrário, estagna quando o louco se diz (ou dizem) que ele é doente? Por fim, a análise de um grupo técnico compreende as linhas e as práticas que o desejo percorre. A equipe técnica é composta por linhas de desejo e práticas que lhe são co-extensivas. Ela demanda uma análise político-institucional das suas operações cotidianas.
(...)
A.M. - do texto Grupos e caos, a ser publicado
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