terça-feira, 21 de agosto de 2012


ARTE

 (...) (...) Falamos da  arte como composição de linhas  subjetivas que  buscam  expressar e criar um mundo. É possível captar essas  forças no Encontro com o paciente. A psiquiatria capta outras forças, é bem verdade, as do organismo físico-químico  adoecido pelas condições em que  vive. Isso  significa    fabricado por múltiplas determinações que escapam ao controle do eu. Escapam também ao enquadre linear  causa-efeito. Contudo, o que o paciente  diz sentir  é o que  importa. A arte, surge, então,   como resistência  às  situações existenciais adversas. Nesse sentido ela está  fora da psiquiatria, não havendo  encontro possível. A linguagem da arte é inseparável da sensação, pura sensação que constitui a  subjetividade como semiótica a-significante. Ou seja, não sendo submetida à consciência (“eu, enquanto indivíduo”), a produção da arte  é uma produção de singularidades que  retira matéria viva do caos . Na psiquiatria  atual, no lugar da produção,o produto é capturado (e  imobilizado)  por exames  de imagem. Sob controle.
(...)
A.M. - do livro Trair a psiquiatria

Nenhum comentário:

Postar um comentário