SOBRE GRUPOS
(...) (...)Existe a realidade dos grupos submetidos. Ela é relevante... Pode ser ao eu do líder, ao nome da família, à imagem do rei, às palavras do mestre, a certa filosofia, às coerções de uma organização, à competitividade, à palavra da mídia, à ciência, ao consumo automático, à arte, à revolução, a Deus, ao partido, etc. A lista é praticamente infinita. O que esses dados heterogêneos tem em comum é a função de conduzir o grupo em direção a objetivos fora dele. Ou seja, o grupo só existiria a partir de algo que o ultrapassa como vivência concreta de si. Ele ergue uma crença no Imaginário. Este habita o grupo, fabrica uma natureza que o “autoriza” a assumir uma “essência”. Irão aí medrar as futuras burocracias e os micro-fascismos, por onde a instituição-Grupo forma um refúgio bem sucedido das forças coletivas da história, do tempo e do caos. “Você não é dos nossos”, “morte ao estrangeiro”, “só entra aqui sendo...” são palavras de ordem que passam a ressoar como formações inconscientes. As pessoas, os indivíduos, os eus, se encaixam nesse grupismo protetor. O desejo grupal passa a maquinar corpos em busca de territórios estáveis onde alguém se reconheça. “Eu sou o grupo”. Trata-se de uma subjetividade padronizada em linhas endurecidas da existência. Como diz Guattari, um grupo–sujeitado.
(...)
A.M. do texto Grupos e caos, a ser publicado
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