AINDA SOBRE O MÉTODO DA DIFERENÇA
(...) (...) Como foi dito acima, o psiquiatra torna-se outra coisa, um devir, devir-feiticeiro, estranha metamorfose que se atualiza num meio tecnológico saturado de mercadorias. No corpo a corpo com o paciente , ele age. Sobretudo, nada acumula, nada conhece, não como estágio zero do conhecimento, mas como um ingênuo diante do cosmos. O feiticeiro é apenas um dos seus disfarces. Composto em meio às serializações tecno-científicas, ele traça um equilibrismo ético-político. Ao mesmo tempo, lida com a palavra e a escuta não só como condições ao atendimento, mas como o próprio atendimento. A fala provém da espontaneidade-criativa inscrita no ato da entrevista. A escuta está dada como sensibilidade para o novo, o heterogêneo, o estranho. Trata-se de uma clínica das multiplicidades: uma prática, a se fazer, a se inventar. Sem modelo.
(...)
A.M. - do livro Trair a psiquiatria
Nenhum comentário:
Postar um comentário