domingo, 19 de agosto de 2012

AINDA SOBRE O MÉTODO DA DIFERENÇA

(...) (...) Como foi dito acima, o psiquiatra torna-se outra coisa, um devir, devir-feiticeiro,     estranha  metamorfose que se  atualiza num meio tecnológico saturado  de mercadorias.  No corpo a corpo com o paciente , ele age.  Sobretudo,  nada  acumula,  nada conhece, não como  estágio zero do conhecimento, mas como um ingênuo  diante do cosmos. O feiticeiro é  apenas um dos seus disfarces. Composto em meio às serializações tecno-científicas, ele traça um equilibrismo ético-político. Ao mesmo tempo, lida com a palavra e a escuta não só como condições ao atendimento, mas como o próprio atendimento. A fala provém da  espontaneidade-criativa  inscrita no ato da entrevista. A escuta está dada como sensibilidade para o novo, o heterogêneo,  o estranho.  Trata-se de uma clínica das  multiplicidades: uma prática, a se  fazer, a se  inventar.  Sem modelo.
(...)
A.M. - do livro Trair a psiquiatria

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