O TEMPO DOS DEVIRES
A clínica da diferença em psicopatologia busca conectar elementos existenciais patológicos com os não-patológicos. Isto significa, antes de tudo, trabalhar com a noção de Contexto. Há uma trama de relações, linhas, signos, códigos, fluxos de toda ordem que se inscreve no tempo de Cronos, o da história pessoal e dos relógios. Há um endurecimento do presente. Ao contrário, o paciente pode ser visto como uma multiplicidade singular que se conecta com outras multiplicidades, inclusive aquelas do seu próprio "interior psíquico". Há muitos eus. Escapam de Cronos, e uma concepção do tempo como passado e futuro se afirma no presente dos corpos; é o Aion a que se refere Deleuze. Buscamos, então, saídas aos impasses existenciais atuais, ao invés de exumar representações fixas do passado. Falamos de uma clínica do Acontecimento. O acontecimento é o sentido a ser produzido. Qual o sentido (ou quais os sentidos) para a sua vida? A questão dos psicofármacos, tão debatida neste blog, constituirá uma das multiplicidades em jogo, e por isso, não concebida como algo bom ou mau, mas enquanto um dado que favoreça e impulsione os devires (processos do desejo). Tarefa difícil, sabemos, tal é a medicalização da sociedade . Mas, não impossível...
A.M.
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