sexta-feira, 7 de setembro de 2012

TODOS DELIRAM                                                   

(...) (...) O delírio é  um conceito-chave em psicopatologia. Uma clínica da diferença se  faz a  partir  desse dado implícito , mesmo que  o paciente  não  esteja  delirante  nem seja ou tenha sido um delirante. Sob um olhar  psiquiátrico, o delírio será  um sintoma. Ainda  que tal  concepção seja  útil em momentos pontuais, ela mutila a vivência delirante enquanto sistema de crenças estabelecido como uma verdade. Esse fato tem implicações na terapêutica farmacológica. A ação de medicar, quando imediata, pode tamponar o sintoma e impedir que  surjam possibilidades de acesso ao universo delirante do paciente. Para melhor  equacionar os casos,  partimos  do  fato de que existem múltiplas formas clínicas do delírio.  Elas demandam  atitudes terapêuticas distintas.  Buscar linhas de singularização consiste em pôr o delírio num quadro diagnóstico básico  sem perder a potência infinita de afirmar um mundo, produzir  um sentido, por mais  insignificante  que  este  seja. 
(...)
A.M. - do livro Trair a psiquiatria

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