quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

DORES DO EU

(...) (...)  A concepção  transferencial da psicanálise, bem  como a da consciência intencional da  fenomenologia  (adotada por várias linhas  psicoterápicas), não dão conta do encontro como um  “para  além”. Mesmo que teóricamente falem de um bom encontro, essas concepções sustentam  outra coisa, atadas que  estão à dimensão egóica, mental, personalística  do  paciente. Isso  produz   um território afetivo que justifica e  referenda  uma Forma. Cria-se  um circuito  de realimentação  incessante para que  o terapeuta cada vez mais acredite no objeto e nos objetivos do seu trabalho. Isto sem falar na demanda do  Mercado :  mais  e mais  psicoterapeutas para tamponar a angústia dos tempos que correm. Maus encontros que devem se tornar bons encontros, desde que  obedeçam às regras do contrato “ fluxo de sintomas—fluxo de palavras---fluxo de dinheiro e prestígio”. É então impossível deixar de situar a possibilidade do encontro no âmbito das  relações capitalistas de produção, não só da vida material, mas da vida  subjetiva.O mundo em que vivemos é o mundo do capital em todas as modalidades de fetichização da mercadoria. O eu é uma mercadoria muito útil para aquisição de novas  mercadorias  num circuito  automatizado de  trocas: o  homem  médio consumidor  de ordens  implícitas.
(...)
A.M.

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