domingo, 20 de janeiro de 2013

ZDZISLAW BEKSINSKI


5 comentários:

  1. No caso em questão, é preciso especificar o que se quer dizer com lutar ou reagir. Para quem compreende a filosofia da arte marcial, o propósito do lutar é simplesmente "não lutar", ou melhor, lutar como "ultima ratio", um propósito pacificador. Desferir um golpe no agressor muitas vezes não solucionará o problema, criando inimizades, discórdias, guerras. Deve-se agir de tal modo que o posicionamento seja suficiente para demarcar um espaço sem a necessidade de desembainhar a espada.

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  2. Vejamos uma situação concreta. Todos sabemos que o capitalismo é pródigo em fazer símbolos de consumo. Já falei do carro e a bola da vez é o restaurante. É óbvio que não sou contra a ida a um restaurante, o que me tornaria um sujeito extremamente chato. A questão é o que está em jogo no momento que se vai ao restaurante. Muitas vezes, você está acompanhado de alguém que só quer saber da sua vida, para ter o controle, e nada fala da dele. Aliado a isso, o sujeito pode se portar como um magnata, ou marajá, como se diz, travestindo-se de pose e pompa para tratar os garçons e com um gosto para mostrar as estrelas do cartão de crédito. Percebam que nosso exemplo é rico. Mas, o que eu quero dizer é que ter uma companhia como essa é uma escolha sua. Você pode se posicionar diante disso. Os idiotas da objetividade, que atualmente são os idiotas da subjetividade, podem questionar: "E você, ligando para tantas besteiras, vai ficar sozinho, hein?" Ou então: "Cada um escolhe o que lhe aprouver. Você pode não gostar de consumir restaurantes, mas consome roupas..." Ora, se ficar sozinho é sinônimo de anti-progresso, anti-evolução na condição de existência atual, prefiro ficar sozinho. Mesmo porque, o sujeito bancar o magnata todo o fim de semana no restaurante não vai acrescentar em nada para os problemas que a humanidade passa. E não falo isso em tom humanista. Ocupo-me com os problemas da humanidade, mas não em tom humanista.

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  3. Desse modo, a filosofia da arte marcial passa pelo crivo de Bruce Lee, um grande expoente. E percebam que, na entrevista que sugerio acesso no youtube, ele é tratado com total desdém. Porém, não se deixa abater por isso, nem precisa agredir o agressor, embora se posicione diante do entrevistador, que, em muitas circunstâncias, o agride. E o que ele diz? O PODER DA ARTE MARCIAL RESIDE NO FATO DE PODER ME EXPRESSAR HONESTAMENTE, EXPRESSAR CORPORALMENTE O MOVIMENTO QUE RESULTA DO CONHECIMENTO QUE TENHO SOBRE MIM MESMO. Daí a metáfora da água. Sendo assim, não posso ser parceiro do disfarce. Porque o disfarce é muito volúvel. Ele pode ser revolucionário na segunda-feira e torpe aos domingos. Nelson Rodrigues foi pródigo nas crônicas sobre a esquerda brasileira. E, sua obra é tão interessante do ponto de vista dramático, que ele realçava a Direita somente para criar um efeito trágico sobre a esquerda. Muito embora os idiotas da objetividade, que atualmente são os idiotas da subjetividade, creiam que Nelson Rodrigues era um direitista. Na verdade, pouco se importava com esse tipo de política. E mal entendia de futebol. Era um captador dos efeitos dramáticos, um autêntico dramaturgo, como Shakespeare. E, como tal, honesto diante daquilo que era e com sua forma de se expressar no mundo, não podia deixar de fora elementos do cotidiano que movem as massas.

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  4. Nesse sentido, você não precisa criar "guerras" contra aqueles que optam por levar uma vida diferente da sua. Às vezes, você precisa ser incisivo com aqueles que você gosta e acredita no potencial, ainda que seja mal interpretado. Mas, quanto aos outros, você segue e faz o seu caminho. Você pode ir uma vez ou outra ao restaurante acompanhado do sujeito pomposo do exemplo, só que como Bruce Lee, que foi entrevistado por um pulha. Você vai enquanto você e ele faz a pose que o levará a debaixo de sete palmos, como qualquer outro homem. E há vários casos, sobretudo decorrentes de hierarquia, que a solução diplomática é a melhor de todas. O que você não pode é deixar de ser você mesmo, de acreditar no que acredita, em função de comportamentos alheios aos seus propósitos de vida. Neste caso, você se torna vulnerável e agride a si mesmo, o que é totalmente contrário com a filosofia da arte marcial, ou até melhor, a filosofia da vida mesmo.

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  5. Os idiotas da objetividade, que atualmente são idiotas da subjetividade, podem indagar: "Não entendi o exemplo do restaurante. O que este exemplo tem a ver com o tema da agressão?" Não entenderam? O sujeito está lhe chamando enquanto companhia somente para atestar o seu próprio narcisismo e isto não é uma agressão? Ele está te usando! Evidentemente, isso não é motivo para que a agressão seja retrucada. Não é incomum que ele pode nem ter percebido isso. Simplesmente, é inconsciente para ele também, pois quer arrumar algum modo de defender seu espaço, uma vez que se sente ameaçado por qualquer coisa. Então, a arte marcial lhe proporciona isso: a atenção das entrelinhas. Sua percepção se amplia. Mas, só se amplia no dia a dia, no treino, afinal, se você não tiver atenção, receberá golpes. Se não tiver disciplina, não evoluirá. Se não se movimentar e ficar parado, será um alvo fácil. Portanto,as lições são muito concretas, fundamentando qualquer perspectiva abstrata, tal qual as das filosofias em geral.

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