quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

IMPASSES NA CLÍNICA

O deprimido vive o "endurecimento" do presente. O passado lhe condena e o futuro lhe ameaça. Resta o presente como uma espécie de refúgio ao devir. A depressão é um anti-devir, tentativa (obviamente)  fracassada de fazer parar o tempo. Desse modo, ela  se instala e circula por todas  as partes onde o devir coagula. O meio são estas partes, instituições molares onde reinam identidades fixas. Não se vive, não se cria, não se sente, mas se sobrevive. O organismo físico-químico, devidamente fabricado, mensurado e comercializado pelo biopoder médico, é uma dessas instituições. Suas couraças musculares (Reich) alimentam-se do consumo automático de uma subjetividade quimicamente induzida. Como, então, fazer a diferença num mundo indiferenciado?

A.M.


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