quinta-feira, 31 de janeiro de 2013


QUAL SOFRIMENTO?

1- A instituição da doença mental produz um sentimento (sintoma)  para  o psicótico. A psiquiatria   é  a ponta avançada que cuida  desse sentimento.2-A vivência do psicótico nada  tem a ver com este sentimento.Ela tem a ver com os afetos da loucura, portanto não codificados e não codificáveis pelos cânones da razão  burguesa e utilitária. Eles  lhe  escapam. A rigor, não há uma, mas “n” vivências psicóticas.3- O encontro do psicótico com a psiquiatria é um mau  encontro porque a ação terapêutica (em geral,  farmacoterápica) elimina  o sintoma e com ele a possibilidade de adentrar às  suas linhas  vivenciais.4- Não adentrando  às linhas  vivenciais, o paciente  não  está  sendo tratado, e sim, controlado.5-Fica  caracterizado o modo psiquiátrico  de  subjetivação  na  pessoa do  portador de transtorno  mental, em especial, o psicótico  crônico.  6-A participação da  família  funciona como território existencial e caução  moral  para  um sistema de  crenças  não-delirantes. 7- Por fim, há dois sofrimentos  psicóticos: um, composto por afetos  vivenciados num  mundo abstrato, afetos  inumanos e não nomeáveis. O  outro,  um sentimento de ser  doente que é secretado pela máquina psiquiátrica como gestão de uma consciência  alienada. 8- Uma  clínica das psicoses comprometida  com a terapêutica  e não  com o controle  do  paciente, terá que  optar pelo encontro com um dos dois  sofrimentos.
(..)
A.M.

Nenhum comentário:

Postar um comentário