QUAL SOFRIMENTO?
1- A instituição da doença mental produz um sentimento (sintoma) para o psicótico. A psiquiatria é a ponta avançada que cuida desse sentimento.2-A vivência do psicótico nada tem a ver com este sentimento.Ela tem a ver com os afetos da loucura, portanto não codificados e não codificáveis pelos cânones da razão burguesa e utilitária. Eles lhe escapam. A rigor, não há uma, mas “n” vivências psicóticas.3- O encontro do psicótico com a psiquiatria é um mau encontro porque a ação terapêutica (em geral, farmacoterápica) elimina o sintoma e com ele a possibilidade de adentrar às suas linhas vivenciais.4- Não adentrando às linhas vivenciais, o paciente não está sendo tratado, e sim, controlado.5-Fica caracterizado o modo psiquiátrico de subjetivação na pessoa do portador de transtorno mental, em especial, o psicótico crônico. 6-A participação da família funciona como território existencial e caução moral para um sistema de crenças não-delirantes. 7- Por fim, há dois sofrimentos psicóticos: um, composto por afetos vivenciados num mundo abstrato, afetos inumanos e não nomeáveis. O outro, um sentimento de ser doente que é secretado pela máquina psiquiátrica como gestão de uma consciência alienada. 8- Uma clínica das psicoses comprometida com a terapêutica e não com o controle do paciente, terá que optar pelo encontro com um dos dois sofrimentos.
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A.M.
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