terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O INCONSCIENTE É ÓRFÃO

"Se a humanidade pode ser salva, e os originais reconciliados, é somente na dissolução, na decomposição da função paterna."

G. Deleuze- do texto Bartebly, ou a fórmula

2 comentários:

  1. Assim como não existe a vítima, a função paterna também não existe e isso não quer dizer que o inconsciente seja ou esteja órfão. A função paterna é uma criação da psicanálise e da antropologia estruturalista. Para estes, a figura do pai, a função social do pai assume um caráter simbólico de introjeção da autoridade, das regras, da lei e que, mais tarde, passa a se desdobrar por instituições que ocupam este lugar. Tal é sua inserção no dispositivo inconsciente da psicanálise. E o inconsciente-órfão é uma criação do Deleuze-Guattari, com seus deslindes. Agora, sejamos justos com Nietzsche e, em determinadas situações, com Foucault. Nietzsche traz com muita propriedade a idéia de colisão de forças. Só existem forças. É isso. Só existem forças. Forças que se aglutinam, se amontoam, se aproximam, se enfrentam, se afastam, etc. Só existem forças em movimento. Nietzsche capta o caráter mais instintual e mecânico da força. E, no caso de Foucault, o poder. Na verdade, o sujeito enquanto produto de um poder, cuja fundamentação principal, para esse sujeito existir, é um discurso, tal qual Freud, Deleuze-Guattari, etc. Talvez não seja necessário mais discursos. Só existem forças.

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  2. O que se quis dizer,através da inexistência, é que, independentemente de comprovada veracidade, tais discursos fazem funcionar. Eles funcionam. Produzem. Por mais anti-deleuziano e paradoxal que seja o próprio Deleuze, seus discursos produzem deleuzianos, esquizo-analistas. Não era o que ele queria, entretanto, aconteceu. Ora, essa constatação prova a Teoria de Foucault, ao contrário das outras, que carecem de substância material e aplicabilidade prática. Podem ter aplicabilidade estética e isso tem seu valor, mas não prática. Foucault segue incólume neste quesito, porque se sabe muito bem que o saber constrói a subjetividade. É ele e somente ele que a constrói. O Deleuze pode falar de subjetividade em termos deleuzianos e o Guattari, em termos guattarianos, só que não deixarão de produzir sujeitos, e, por conseguinte, subjetividade.

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