POESIA COMO REPETIÇÃO
A linguagem poética fere de morte o princípio de identidade do discurso inteligível da técnica e da razão sapiente.Isso desconcerta a clínica do cérebro. Abram alguns e lá estará o rigor mortis. Enfim, um método infalível. Ele gargalha sobre a última fronteira. Que se passa? Outra coisa, ainda bem: há poesia injetada em agulhas finas. A linguagem desliza: criança, poeta, louco, vidente, artista, a tralha dos sem-eu, todos descem pelo conta-gotas da resposta aos sintomas. Não há como se explicar aos cientistas. O tecido poético cria muito antes da medição dos contornos da hipófise. É matriz e argamassa das construções exatas sobre o funcionamento dos neurônios do baixo clero. Precisamos de mais poesia, mais, até saturar os átomos da cabeça pensante.
(...)
A.M.
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