quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

QUEM FALA?

(...) (...) Propomos substituir o conceito de consciência e  do  eu, pelo de modo de  subjetivação. Quem  fala são os modos de subjetivação. A subjetividade surge como um conjunto de linhas  expressivas  materializadas no contexto  do Encontro com o paciente. Um modo de subjetivação pode ser devido, por exemplo, ao contato do  paciente com o seu meio profissional, o papel que  lá desempenha, suas condições de trabalho. Ou, num caso  mais  óbvio, do  encontro do  paciente  com as condições  de um serviço de saúde  mental:  o Caps. A consciência (modo de  subjetivação) funciona de acordo com instâncias concretas de vida, territórios existenciais e  dobras  subjetivas. A semiótica psiquiátrica traz o conjunto qualitativo das alterações da consciência e deixa de perguntar que forças psíquicas desencadearam e/ou mantém essas condições  psicopatológicas. Falamos de outra coisa: um sistema aberto às causas extra-médicas que se prolongam  em  trajetórias afetivas não codificáveis por equipamentos tecnológicos. A psicopatologia  clínica  inscreve-se num campo movediço e por si mesmo caótico. Um caotizar  incessante  de   movimento infinito. No entanto, é preciso realizar um corte no caos para tornar possíveis significações  estáveis.  Entramos  num  universo  irredutível  à psicopatologia  médica.  Fora da psiquiatria  há  outros  mundos. Não é  possível  psiquiatrizá-los senão com golpes de  força  ou  dissimulação objetiva de uma violência subjetiva. São subjetivações não “cadastradas” Elas resistem... a experiência religiosa sob os mais variados credos, matizes e rituais: candomblé, espiritismo, evangélica, esotérica, cósmica, mística, zen budista, os transes, experiências de  saída do corpo,  os  casos  de  para-normalidade, etc, situações onde  a noção de  consciência e  do  eu  se esfumam em prol de uma vivência mais alargada da Realidade. As  categorias nosológicas da psiquiatria  de  nada  nos servem  para captar esse “interior”  subjetivo. 
(...)
A.M.

Nenhum comentário:

Postar um comentário