VIAGENS DE MIGUEL
Miguel completa hoje um ano e dez meses. Faz algumas semanas que não me chama de "pai" ou "papai". Ao invés, diz "Antoio". Creio que é uma senha para brincar, espécie de convite. Em outros momentos (formais, digamos) ele volta a me chamar de "pai". Na verdade, o que importa? Faço o registro (há tempos não falo de Miguel...) porque vivo encantado pela semiótica que ele cria. Até fiquei parado, meio catatônico (ih, a psiquiatria...) com as palavras que vinham num fluxo sem retorno e/ou tradução. Miguel joga (e muito) com as pessoas e as coisas à volta. Usa balbucios intrigantes. Tento acompanhar suas viagens, mesmo (e principalmente) viagens no mesmo lugar. O mundo se desnuda frente a sua linguagem a-significante. Andou olhando o blog. Perguntou: "Antoio, por que o cérebro mente?" Como falou "Antoio",apostei, lembrando Bateson, em meta-diálogos: "ó Miguel, o cérebro mente porque não fala". "Como assim, Tôio"? " Miguel, o cérebro não fala a fala do socius; ele só fala o desejo dos sócios do empreendimento capitalístico; o cérebro é o ícone da razão utilitária e triunfante". "Ok, Antoio, saquei; vou ficar mudo." kkk, esse Miguel é mesmo uma figura!!
A.M.
Nenhum comentário:
Postar um comentário