Um sapato abandonado, um dente estragado, um nariz curto demais, o cozinheiro que cospe na comida dos patrões, estão para o amor como a bandeira está para a nacionalidade.
Um guarda-chuva, uma sexagenária, um seminarista, o cheiro de ovos podres, os olhos cegos de um juiz, são razões por onde o amor se alimenta.
G. Bataille, do livro "O ânus solar".
Friedrich Engels disse uma coisa muito simples, disse o seguinte: "No regime burguês, os que trabalham não lucram e os que lucram não trabalham." Bourdieu, analisando o desempenho escolar entre indivíduos oriundos de diferentes grupos sociais, chegou ao conceito de capital cultural. Foi extremamente foucaultiano, isto é, ANALISOU UMA DINÂMICA INSTITUCIONAL COM BASE EM SABERES, DISCURSOS PRODUZIDOS. Agora, imaginem vocês se pudéssemos fazer uma análise parecida das demais instituições, uma vez que somente na análise da escola já existe essa diferença gritante. Chegaríamos a uma conclusão devastadora. Brasília seria "mirim". Ou seja, o grande problema está nas instituições, sendo que Brasília é apenas um reflexo desse problema. Mas, a questão toda não passaria nem por aí. A questão é que Bourdieu fez esse estudo por conta do que passou, pela sensibilidade que adquiriu em função do que viveu dentro da escola. Dizer que "ele venceu" é um artifício do Sistema para tomá-lo a seu favor. A clave fulminante reside, ao contrário, no fato de que a grande maioria não desenvolve essa sensibilidade, ou então, é capturada pelas linhas capitalistas no intermédio do processo. A tentação é grande. E, por isso, o Sistema se mantem.
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