PORCELANA E VULCÃO
Eis um homem e uma mulher, eis casais (por que casais, a não ser porque já se trata de um movimento, de um processo definido como o da díada?) que têm tudo para serem felizes, como se diz: belos, encantadores, ricos, superficiais e cheios de talento. E depois alguma coisa se passa, fazendo com que eles se quebrem exatamente como um prato ou um copo. Terrível tête-à-tête da esquizofrenia e do alcoólatra, a menos que a morte os apanhe a ambos. Será isto a famosa autodestruição? E o que foi que aconteceu exatamente? Eles não tentaram nada de especial que estivesse acima de suas forças; no entanto, despertam como se saíssem de uma batalha grande demais para eles, o corpo quebrado, os músculos pisados, a alma morta: "eu tinha o sentimento de estar de pé ao crepúsculo em um campo de tiro abandonado, um fuzil na mão e os alvos abatidos. Nenhum problema para resolver, simplesmente o silêncio e o ruído de minha respiração... Minha imolação de mim mesmo era um rojão sombrio e molhado" (...)
G. Deleuze - do livro Lógica do sentido
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