quinta-feira, 6 de setembro de 2012

DEVIR-PENSAMENTO

(...) (...)Trabalhar com pacientes num Caps, por exemplo, implica  em sair  dos moldes da  Conserva  do  hospício ou dos consultórios clínicos. Explorar as multiplicidades, mesmo e principalmente no paciente identificado à  forma-doente mental. Há  outras  linhas não percebidas, talvez  invisíveis.  Pacientes registrados, cadastrados, codificados, rotulados sob o efeito de  formas sociais (instituições) como a família, a clínica, a escola, o trabalho, o direito, o estado, a polícia, o casamento, entre outras, estão  enfiados em buracos negros  onde  o devir-pensamento  foi  relegado a uma atividade cognitiva mínima, rasteira, como registram os manuais  psiquiátricos. Curso, forma, conteúdo, raciocínio, juízo, são categorias semiológicas usadas  num exercício de mortificação do devir-pensamento. Elas compõem o mundo da representação.Tornar o pensamento  visível e frear a sua velocidade  infinita, isso sempre foi assunto  dos  psiquiatras  e adquire na psiquiatria atual o requinte  das tecnologias  de ponta. Subjacente à  técnica , existe  a crença de  que  o paciente  não pensa, ou se pensa, é para  responder  que  dia é  hoje, onde  estamos, que  veio  fazer aqui, etc. Insistimos  no dado  de  que o pensamento  não é  só o que  é falado,  mas  o  que é  experimentado via sensações, intensidades, afetos, o que muitas  vezes  não  pode  ser  dito, não chega a ser  dito, não consegue  ser  dito.  
(...)
A.M.

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