quarta-feira, 5 de setembro de 2012


TEMPO DE ELEIÇÃO

Chega  a  hora   das  eleições, mas o tempo  não passa. Ou, pelo  menos, não salta, digamos, para um outro  universo  de  sentido, onde o homem  comum possa  dizer: “enfim, algo  novo”. O homem comum é  o da  cidade, o que  está  em contato  com a   experiência  do  cotidiano (no trabalho, nas  ruas, nos  serviços, nas  casas,  etc) e por  isso  expressão  de  um tempo  que  não  passa. Mas  que, apesar  de  tudo, passa.
Terrível  paradoxo o envolve no  cumprimento da sobrevida  para    viver   ao  invés  do  desejo de viver, ou apenas  viver, viver.
Chega  a Hora. É  a do  horário eleitoral  gratuito, pelo qual  o homem  da  cidade paga.  E  muito.  Mas  de  nada   adianta   desligar  o rádio  ou  a TV, pois  as  palavras  do candidato  ecoam para  além dos  fluxos  eletrônicos, disseminando  pela  cidade a trama  monstruosa  do invisível poder  visível. Tudo  conflui  para a   produção  íntima   de uma  subjetividade  votante. A  Publicidade  faz  a  sua parte  no negócio.
Como escolher?
Escolher um candidato  passa  a ser uma ação  que  oscila  no mercado  das  ofertas  clientelísticas   conforme  razões   de  mando e comando   do poder  econômico  em sua   face  mais risonha (todos  riem...)  e  cínica. Com os  pobres, os  inferiores, os  miseráveis, a palavra  vira  repetição automática. Ou  não  vira, não vira  (no sentido  em que  se diz “esse   carro não  vira”), permanecendo em seu  lugar   o  refrão   interminável  dos  dias  da  servidão  “consentida”.
No fim, que  é  o começo, não  só a  Cidade  é  enfeada, desfigurada com  banners e  muros  sombrios. É  toda  a  cena  da  disputa  que é   assim, onde   você  decide,  cidadão,a  não decidir.

A.M.

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