sábado, 3 de novembro de 2012

ESQUIZO-TEATRO

O nosso teatro é o da crueldade, mesmo que não sejamos competentes para  tanto. O contato  com a vida, no que ela possui de mais radical, é coisa da clínica. Ou então a clínica será um monumento à covardia. Os psiquiatras, por exemplo, se refugiam em corporações. Conversam com seus  pares, alimentam redundâncias  exaustas. Haldolizam as linhas de fuga do pensamento. Mantém um teatro da representação onde a política tem o Estado como centro decisório. Criam uma verdade, mas uma verdade baixa, como diria Deleuze. Os psiquiatras como pessoas não estão  no jogo. Resta a psiquiatria  como  registro do caos e significado para viver. Como intervir, então,  sobre o que não necessita de intervenção? Reina a paz nas hostes psiquiátricas, exceto pelo inferno das lutas  antimanicomiais. O psiquiatra se sente atingido no self. Adianta  dizer  que a questão é outra? Adianta chamá-lo de não psiquiatra e ao mesmo tempo psiquiatra? A esquizofrenia se aproxima.  Sem que se note, chega  o tempo do anticontrole.O teatro de máscaras tem Foucault,  Kubrick e Hesse entre outros personagens. O diálogo com os  psiquiatras é autista e cômico. Preferimos as viagens no mesmo lugar, ou o roubo do pensamento.
(...)
A.M.

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