segunda-feira, 5 de novembro de 2012

HUMORES POSSÍVEIS

(...) (...) Evitando  seguir a tendência da psiquiatria biológica em mensurar o humor, afirmamos que  é  preciso escutar o paciente, captar o que se passa na vivência  de si e do mundo. O humor baixo, à medida em que espalha o seu efeito nocivo, efeito anti-vida, muda a configuração clínica. Associa-se à ansiedade, às alterações do nível da consciência e até aos sintomas psicóticos - delírios  e alucinações.  Este  dado  é  importante na formulação de uma hipótese diagnóstica  que se ache ancorada na entrevista. Aí os signos são emitidos e é onde o psiquiatra se arrisca a pensar a diferença e os detalhes que escapam ao  molde pessoal ou nos casos em que o  paciente já  chega  com  um diagnóstico. Óbvio, é  difícil  ignorar os efeitos do diagnóstico pronto sobre a  produção de signos do quadro  psicopatológico. O caso do  humor é emblemático pois coincide com um momento histórico de grande morbidade dessa patologia. A palavra “depressão” é usada largamente,  tanto pelo discurso especializado quanto  pelo leigo. No  primeiro caso, as diferenças entre uma síndrome (ou transtorno) depressivo e um sintoma depressivo são ignoradas. As conseqüências  sobre o tratamento medicamentoso costumam  ser desastrosas.  No  segundo caso, o termo  “depressão” é usado para nomear qualquer situação que  implique problemas  mentais,  o que se observa  no senso comum  e na anamnese.
(...)
A.M.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário