sexta-feira, 2 de novembro de 2012

MÁQUINA PARANÓICA

(..) (...) A  larga  utilização de psicofármacos em associações  variadas  borra  a  linha abstrata  que  separa o discurso delirante do não delirante. Para a psiquiatria biológica tudo é psiquiatrizável. Esta sentença diagnóstica ocupa o lugar de poder respectivo ao enunciado. Importa que o paciente seja medicado e adaptado. O afeto é secundário à tal manobra terapêutica porque ele foi posto como consciência do sentimento no pacote nosológico. Se todos são julgados de antemão doentes, não interessa saber o que efetivamente sentem (qual o afeto?) e sim o que fazem... É um regime  paranóico guiado pela  razão: desconfiar da afetividade, desconfiar do desejo...
(...)
A.M.

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