CATARSE SOCIAL
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A greve, afinal, revelou que não existem atalhos para a democracia e para o diálogo, e que nenhuma solução autoritária ou violenta tornará mais próspero um país ao qual não faltam recursos materiais nem espirituais para ressurgir das cinzas do seu desalento.
Os caminhoneiros conseguiram o paradoxo de obter o aplauso de 87% dos cidadãos prejudicados pela greve. Como explicar isso? Talvez porque foi mais do que uma greve. Foi uma catarse coletiva, uma válvula de escape para todas as críticas acumuladas pelos cidadãos contra os governantes, contra a corrupção crônica dos políticos, vista como uma peste nacional.
Uma catarse para tentar se livrar, no símbolo do caminhoneiro sacrificado, das insatisfações acumuladas, da agonia cotidiana sofrida com os péssimos serviços públicos, da teimosia do Governo em apertar cada vez mais a carga tributária dos que trabalham, enquanto é incapaz de enfrentar os privilégios dos intocáveis.
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Juan Arias, El País, 01/06/2018, 00:38 hs
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