RESISTIR, RESISTIR
Legiões de psiquiatrizados de toda parte ajoelham-se no altar dos psicofármacos e dos cérebros à mão. Tudo conspira a favor do consumo de pacotes cientificamente autorizados para ações lucrativas. No entanto, mesmo desbotada e segregada nos grilhões cidológicos , a diferença resiste. A ética da potência de viver afirma-se como ética de poetas itinerantes (...)
A. M.
Vou citar mais um exemplo clássico: a nova paciente atual. Ela precisa de um direcionamento, precisa de atividades-tarefa, precisa traçar uma estratégia e enxergar metas a cumprir. Um psicanalista diria: "Encaminhe para uma TCC ou para comportamental." Não! Definitivamente, não; pois, a limitação não é minha. Claro, todos nós somos limitados, mas eu não me autolimito. Não adianta ficar fazendo psicodrama ou psicanálise. Ao mesmo tempo, alguém que seja só TCC ou comportamental pode anular completamente a singularidade da paciente e impor a ela uma perspectiva "tarefeira", o que seria comodista para ela e para o terapeuta, mas funcionaria, posto que ela quer "alguém que a salve, que lhe diga precisamente o que fazer" (o que é comum em depressão). A "ansiedade", as manifestações ansiogênicas aparecem como substrato disso, e não como fator principal; é acessório, não principal. O fundamental é a depressão. Por isso é que é importante o "cadastramento dos sintomas". Porém, o diagnóstico é uma idiotice, o ato de ddiagnosticar é de uma inépcia ululante. Apenas um artifício de poder, uma violência. E pior: violência consentida. É um enquadramento de vivências múltiplas, pois ninguém é só um diagnóstico, só a patologia, nem mesmo a manifestação patológica se resume a somente determinados sintomas enquadrados numa única perspectiva diagnóstica. Agora, vá dizer isso numa aula de diagnóstico diferencial, vá dizer! Os alunos pedirão: "QUERO O DIAGNÓSTICO." No caso da paciente, ela precisa estar entre a autonomia e um certo direcionamento, em equilíbrio. Em suma, é necessário uma terapia com os recursos teóricos em mãos, porém disposta a se adequar a um caso concreto; sem a autolimitação do terapeuta, que constela sua fraqueza no complexo de inferioridade, sem desafiar-se a si próprio, sem buscar o melhor para o paciente, projetando sua sombra como superficialidade de ser bem-sucedido exteriormente, isto é, para os outros. Terapeutas de festim. Se eu começar a contar os casos e citar os nomes... Não vou fazer isso. Vou contar apenas uma: o psiquiatra Antônio Nery chegou até mim e disse que "Fulano de Tal" era um psicanalista de nível internacional. Conheço uma pessoa que foi a ele. Estava com problemas com o dinheiro. A queixa principal era: "não lido bem com o dinheiro, não o valorizo, etc., etc." Sabe o que o psicanalista fez? Disse a ela: "Para você faço questão de cobrar o preço mais caro." Agora vocês entendem porque ele é nível i-n-t-e-r-n-a-c-i-o-n-a-l, meus caros.
ResponderExcluirNão se iludam: há muitos idiotas completos; disfarçados.
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