QUAL ENCONTRO?
O psiquiatra tem à sua frente o “movimento” e só consegue ver a forma estática e a matéria sólida. Claro, foi treinado para isso. Falamos de outra coisa, a clínica in vivo, o trabalho com a matéria invisível, o meio do qual o paciente faz parte, a ausência de coordenadas espaço-temporais estáveis. O eu é uma delas. Quem você é ? Isso vale para o psiquiatra seguro da (sua) verdade. A incerteza do eu e das crenças básicas precede o Encontro. Não há clichês. O paciente não tem forma. Seu desejo não tem forma. Ele age como produção de universos móveis. Isso é difícil de aceitar. Como encontrar o paciente pela via da multiplicidade? Como acessá-lo de um modo diferente do da psiquiatria biológica e farmacológica? Parece quase impossível ou talvez algo delirante para os que estão presos à grade da CID-10. Encontrar o paciente é encontrar a si mesmo.
Antonio Moura
Nenhum comentário:
Postar um comentário