domingo, 18 de março de 2012

 BUKOWSKIANDO

Eu estava no banco traseiro, espremido entre o pão romeno, o patê de fígado, a cerveja e os refrigerantes: de gravata verde, a primeira que usava desde a morte de meu pai, uma década atrás. Ia ser padrinho de um casamento zen-budista, com Hollis dirigindo a 120 por hora e a barba descomunal de Roy me batendo na cara. Era no meu Cometa 62, o único carro que não podia guiar - não estava no seguro, com duas multas por embriaguez, e já meio alto. Fazia três anos que Roy morava com Hollis sem serem casados, e vivia às custas dela. Eu sentado ali atrás, bebendo cerveja pelo gargalo, enquanto Roy ia descrevendo, um por um, os parentes de Hollis. Ele se defendia muito bem com a babaquice intelectual. Ou com a língua. As paredes da casa dos dois estavam cheias de fotos de caras com a cabeça aninhada entre as coxas de uma mulher, fazendo mimete (...)

C. Bukowski - do livro Fabulário geral do delírio cotidiano

Um comentário:

  1. ÉÉÉ! Você entendeu! Bora Baea! Mas, se a coisa degringolar de novo, eu volto a explicar o que quis dizer com o verbo "fazer".

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