A criança não pára de dizer o que faz ou tenta fazer: explorar os meios por trajetos dinâmicos, e traçar o mapa correspondente (...) (...) Ora, os próprios pais são um meio que a criança percorre, com suas qualidades e potências, e cujo mapa ela traça Eles só tomam a forma pessoal e parental como representantes de um meio num outro meio. Mas é errôneo fazer como se a criança primeiro estivesse limitada a seus pais e só chegassse aos meios depois, e por extensão, por derivação. O pai e a mãe não são as coordenadas de tudo o que o inconsciente investe.Não existe momento algum em que a criança já não esteja mergulhada num meio atual que ela percorre, em que os pais como pessoas só desempenhem a função de abridores ou fechadores de portas, guardas de limiares, conectores ou desconectores de zonas. Os pais estão sempre em posição num mundo que não deriva deles.
Gilles Deleuze - O que as crianças dizem in Crítica e Clínica
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