quinta-feira, 21 de julho de 2011

RIZOMAS

Buscamos uma clínica órfã. Começar do zero: considerar as forças que animam essa ou aquela concepção da doença. As forças e suas relações constituem poderes. Estes não falam mas fazem falar o diagnóstico. Mais: fazem falar o paciente, convencido de que a sua verdade é a da psiquiatria. Desse modo, refazer a psiquiatria é deixar aparecer a fala no encontro com o paciente. Tal fala não tem que ser compreensível nem ser só verbal. Há outras formas de expressão, às vezes sequer sonhadas pelos que estão embalados ao ritmo da razão triunfante. Fazer psiquiatria é sair da psiquiatria para o seu lado de fora que, ao mesmo tempo, é o seu lado de dentro, ou seja, o diagnóstico. Assim, outro uso do diagnóstico significaria um movimento de "oxigenação" do saber psiquiátrico por outros saberes que, com ele, comporão rizomas. Uma transdisciplinaridade, enfim.

A. Moura - do livro Linhas da diferença em psicopatologia

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