A linguagem comum certamente tem razão, a tranquilidade tem esse preço. Mas a linguagem literária é feita de inquietude, é feita também de contradições. Sua posição é pouco estável e pouco sólida. De um lado, numa coisa, só se interessa por seu sentido, por sua ausência, e essa ausência ela desejaria alcançar por seu sentido, por sua ausência, e essa ausência ela desejaria alcançar absolutamente nela mesma e por ela mesma, querendo alcançar em seu conjunto o movimento indefinido da compreensão. Além disso, observa que a palavra gato não é apenas a não-existência do gato, mas a não existência que se tornou palavra, isto é, uma realidade perfeitamente determinada e objetiva.
Maurice Blanchot - A parte do fogo
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