domingo, 24 de julho de 2011

A música de Amy está de pé

A morte da cantora inglesa Amy Winehouse suscitou   comentários midiáticos quase clichês: "ela repetiu o que vários artistas jovens e talentosos fizeram; se encharcou de drogas, caiu numa vida inteiramente desregrada e eis o resultado". Este enunciado (muitas vezes implícito)  certamente produziu  um gozo secreto nos moralistas de plantão ( de todos os matizes)  sempre atentos à execração pública e à condenação da existência: "viu, Amy, você não tinha uma vida digna, normal, responsável  e aí deu no que deu; pagou pelos seus pecados... "
Ao contrário, movida  pela sensibilidade e pela busca de novíssimas formas de percepção da realidade, e mais ainda, por outras realidades sequer sonhadas,  ela  foi  fundo na inocência do devir. Desse modo,  infelizmente  naufragou, não por uma falta, mas  pela  exuberância de vida, pelo  excesso e   pelo risco... de criar.
Nada romântico em  tal assertiva. Só a crueldade do real.


Antonio Moura

2 comentários:

  1. Moura, que blog lindo! Estou me deliciando com tudo que encontro por aqui! É uma honra você por perto. E apareça quando quiser lá no blog. Sua participação engrandece qualquer escrito meu.
    Grande Abraço
    Bianca Becker

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  2. ...tornei-me mais cética...
    Será mesmo em que percentual vc é afetado pela angústia... comparada a dum indivíduo execrado...?
    ... eu ainda quero estar de pé...
    ... criar..., criar..., criar...

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