Uma clínica da diferença em psicopatologia trabalha para que o paciente deixe de sê-lo. Importante: não é a busca da melhora, da cura, da readaptação ou inclusão social, da reabilitação profissional ou outros conceitos liberais muito vizinhos entre si. Encarar a diferença, ou melhor, encontrar o paciente enquanto diferença, é considerar a priori que ele pode deixar de ser paciente. A utopia de tal assertiva dissolve-se num campo virtual de uma política das multiplicidades. Entretanto, antes que tudo isso pareça obscuro, devo dizer que as multiplicidades são o real de uma vida. Ao paciente costumam arrancá-la em prol de uma domesticação subjetivo-social. Ou como trama urdida nos intelectos em direção a um encaixotamento corporal com verniz farmacológico. Ou, por fim, e talvez o pior, como objeto de lucro e prestígio para corporações profissionais.
Antonio Moura
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