domingo, 31 de julho de 2011

Psicodrama no Serviço Público - 4

Simplificando muito  a questão(complexa) das mulheres,   sabemos  que  uma  subjetividade-mulher,    foi, desde tempos imemoriais,     produzida   nas sociedades do planeta. A instituição-machismo  constituiu em grande parte   estes  modos de sentir "femininos" e funciona para conservá-los.  Freud já falava do desejo da mulher como "opaco" à investigação psicanalítica. Hoje, trabalhando num grupo sócio-psicodramático com 7 mulheres, usuárias   de um Caps II - Serviço Público,  anoto algumas questões para posterior ( e melhor) análise: 1-As pacientes sofrem principalmente  de problemas ligados ao papel de mulher, o "ser-mulher". 2-Este papel conjuga-se ao de mãe, formando  uma  espécie de "couraça" afetiva que vai se expressar  no corpo tornado organismo.   .3-Ressalte-se o dado de  que todas as pacientes do grupo  usam alguma medicação psiquiátrica, geralmente anti-depressivos e/ou ansiolíticos. 4-Então,  o corpo-organismo acaba sendo  o corpo    bioquimizado pela psiquiatria. 5- Num grupo com  tal abordagem metodológica (socio-psicodramática), os vetores etiológicos coletivos vêm á tona. São o  material bruto para o trabalho técnico. 6-Observamos também que o que se chama de psíquico está semi-oculto  em linhas subjetivas endurecidas - linhas molares, cf Deleuze-Guattari. 7- Cabe e caberá ao manejo do processo grupal, produzir  condições  às pacientes para que  deixem  emergir  outras percepções  de si e do mundo . 8-A nível da produção desejante, devires poderão  medrar, desde que não afundem numa desorganização psíquica brutal. 9- Disso resulta que a  possibilidade de retirada das medicações dever ser considerada num contexto de cronificação, dependência psíquica   e iatrogenia psiquiátrica. 10- Por fim, um grupo com apenas  5 sessões (até o momento) aponta caminhos técnicos fecundos  a serem explorados num campo de experimentação clínica. Não há uma fórmula pronta.

Antonio Moura

Um comentário: