Simplificando muito a questão(complexa) das mulheres, sabemos que uma subjetividade-mulher, foi, desde tempos imemoriais, produzida nas sociedades do planeta. A instituição-machismo constituiu em grande parte estes modos de sentir "femininos" e funciona para conservá-los. Freud já falava do desejo da mulher como "opaco" à investigação psicanalítica. Hoje, trabalhando num grupo sócio-psicodramático com 7 mulheres, usuárias de um Caps II - Serviço Público, anoto algumas questões para posterior ( e melhor) análise: 1-As pacientes sofrem principalmente de problemas ligados ao papel de mulher, o "ser-mulher". 2-Este papel conjuga-se ao de mãe, formando uma espécie de "couraça" afetiva que vai se expressar no corpo tornado organismo. .3-Ressalte-se o dado de que todas as pacientes do grupo usam alguma medicação psiquiátrica, geralmente anti-depressivos e/ou ansiolíticos. 4-Então, o corpo-organismo acaba sendo o corpo bioquimizado pela psiquiatria. 5- Num grupo com tal abordagem metodológica (socio-psicodramática), os vetores etiológicos coletivos vêm á tona. São o material bruto para o trabalho técnico. 6-Observamos também que o que se chama de psíquico está semi-oculto em linhas subjetivas endurecidas - linhas molares, cf Deleuze-Guattari. 7- Cabe e caberá ao manejo do processo grupal, produzir condições às pacientes para que deixem emergir outras percepções de si e do mundo . 8-A nível da produção desejante, devires poderão medrar, desde que não afundem numa desorganização psíquica brutal. 9- Disso resulta que a possibilidade de retirada das medicações dever ser considerada num contexto de cronificação, dependência psíquica e iatrogenia psiquiátrica. 10- Por fim, um grupo com apenas 5 sessões (até o momento) aponta caminhos técnicos fecundos a serem explorados num campo de experimentação clínica. Não há uma fórmula pronta.
Antonio Moura
Tenho ouvido deste trabalho pioneiro. Parabéns pela coragem!!
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