sábado, 23 de julho de 2011

Espinosa e nós

Em suma: se somos espinosistas, não definiremos algo nem por sua forma, nem por seus órgãos e suas funções, nem como substância ou como sujeito. Tomando emprestados termos da Idade  Média, ou então da geografia, nós o definiremos por longitude e latitude.Um corpo pode ser qualquer coisa, pode ser um animal, pode ser um corpo sonoro, pode ser uma alma ou uma idéia, pode ser um corpus  linguístico, pode ser um corpo social, uma coletividade.Entendemos por longitude de um corpo qualquer conjunto das relações de velocidade e de lentidão, de repouso e de movimento, entre partículas que o compõem desse ponto de vista, isto é, entre elementos não-formados. Entendemos por latitude o conjunto de afetos que preenchem um corpo a cada momento, isto é, os estados intensivos de uma força anônima (força de existir, poder de ser afetado). Estabelecemos assim a a  cartografia de um corpo. O conjunto das longitude e das latitudes constitui a Natureza, o plano de imanência ou de consistência, sempre variável e que não cessa de ser remanejado, composto, recomposto, pelos indivíduos e pelas coletividades.

G. Deleuze - do livro Espinosa filosofia prática

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