O corpo vivo, sensível aos magnetizadores, charlatães e outros efeitos placebo, cria obstáculo à conduta experimental, que exige a criação de corpos com o poder de dar testemunho da diferença entre as "verdadeiras causas" e as aparências destituídas de interesse. A medicina, que extrai sua legitimidade do modelo teórico-experimental, tende a remeter esse obstáculo àquilo que resiste "ainda", mas que um dia se submeterá. O funcionamento efetivo da medicina, definido por uma rede de restrições administrativas, gestionárias, industriais, profissionais, privilegia sistematicamente o investimento pesado, técnico e farmacêutico, pretenso valor do futuro quando o obstáculo estará dominado. O médico, quer não quer se assemelhar a um charlatão, vive com mal-estar a dimensão taumatúrgica de sua atividade. O paciente, acusado de irracionalidade, intimado a se curar pelas "boas" razões, hesita. Onde, nesse emaranhado de problemas, de interesses, de constrangimentos, de temores, de imagens, está a "objetividade"? O argumento "em nome da ciência" se encontra por toda a parte, mas não pára de mudar de sentido.
Isabelle Stangers - do livro A invenção das ciências modernas
O que acontece na Medicina, acontece na Psicologia, no Direito, etc. O problema é político, portanto, de poder. No Brasil, a corrupção é generalizada. Então, sugiro que, aqui no blog, quando houver as cores da nação falando dos problemas políticos partidários, da corrupção petista, etc., haja também as cores do Brasil quando falar de praticamente tudo que for corrupto, nas ações mais cotidianas.
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