segunda-feira, 11 de julho de 2011

ENCURRALADO


                                                              Steven Spielberg

Um comentário:

  1. Vejamos um fato jurídico: um empresário paulista, dirigindo um Porsche, a 150 km/h, cruza o sinal verde e colide com uma advogada baiana, neta do Roberto Santos, que cruzou o sinal vermelho bem devagar, na noite paulistana. Ela morreu na hora e ele está ferido. O empresário foi acusado de homicídio doloso. Pelas novas mudanças no Código de Processo Penal, como ele é réu primário, poderá pagar uma fiança de R$ 300.000 para responder ao processo em liberdade. Como punições já estabelecidas, não pode frequentar "as noites", não pode sair do Brasil e deve comparecer à Justiça mensalmente, "assinar o ponto". Diante disso, pergunto a vocês: "O que isso tem a ver com justiça?" Não estou pregando "olho por olho" e "dente por dente". Coloco a questão como um problema. O que nós observamos de fato e já de cara é a conexão com o que falávamos sobre a Medicina: O CARÁTER PROTOCOLAR ESTATAL. Ao Estado, interessa a sanção, apenas como requisito de cumprimento de reprovação social. Mais claramente: mostrar à sociedade que existe punição, atender a uma demanda social que gira em torno da expectativa de punibilidade. Todavia, fato é que o interesse maior do Estado é a redução dos custos de uma prisão e ganhar dinheiro com a fiança. Mais uma vez, Foucault: Segurança, Território e População. Como todo pensador a frente do seu tempo, Foucault já detectava desdobramentos de uma sociedade que se revelam agora. Quando se trata de Medicina, por exemplo, o ser humano é objeto de uma mera relação biopolítica. Ou vocês nunca perceberam que muitas vezes são exigidos métodos e exames desnecessários quando o médico já sabe o que é e o que fazer? Mas, eles agem em nome de outros interesses. No caso do Estado, os exames são reduzidos, mesmo em casos onde há dúvida. No caso da iniciativa privada, há uma briga entre planos de saúde e os hospitais.

    ResponderExcluir