"Hume, Locke, Descartes, Kant" evidentemente nada explicam por si mesmos. A imagem que eles criam, em termos filosóficos, de uma conduta científica objetiva dirigindo-se a um mundo submetido a suas exigências, não teria qualquer pertinência se ela não tivesse encontrado um grande número de protagonistas, pouco interessados na filosofia mas muito interessados nas vantagens da etiqueta de cientificidade fornecida pela semelhança com essa imagem. Quer esta se refira a Deus ou à teoria do conhecimento, à epistemologia ou à filosofia transcendental, à razão operacional ou às condições constitutivas do progresso das ciências, é seu desdobramento que conta: o cientista transforma-se em representante acreditado de uma conduta em relação à qual toda forma de resistência poderá ser considerada obscurantista ou irracional.
Isabelle Stengers
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