PAVOR DO ACASO
Na origem do caráter pavoroso da pensamento do acaso, ou do materialismo do acaso, podem ser alegadas duas grandes ordens de razões: 1- A idéia de acaso dissolve a idéia de natureza e põe em questão a noção de ser; 2- Ela junta-se precisamente à definição que em seguida a Freud a psicanálise propôs do terror: a perda da familiaridade ou, mais exatamente, a descoberta de que o familiar é, de maneira inesperada, um domínio desconhecido por excelência, o cume da estranheza (...)
Clément Rosset - do livro Lógica do pior
Não estou dizendo que deve haver um ser, sua contradição "não-ser", ou a combinação, que poderia ser um paradoxo. Ou não. Poderia ser uma dicotomia de negação. Aqui, não se discute lógica. Aqui, não se critica a pessoa. Critica-se apenas o discurso quando ele interfere na realidade do paciente. E, se não interferir em nada, como é um caso de elogio, por exemplo, o que supor? Também, não estou dizendo que não cabe um elogio. A questão é outra. É uma questão de processo. A vida imprime ao pensamento um "mais além". Existem vários "Mouras", que não são ou não foram seres. Moura-INSS, Moura-professor, Moura-etc. Porém, no papel de PSIQUIATRA, é próprio da psiquiatria a independência da operação sobre o paciente. Está certo que, numa situação de parecer, a sensibilidade, o talento, a cognoscibilidade pode diferir um psiquiatra péssimo de um bom psiquiatra. Mas, não estou discutindo "OS" PSIQUIATRAS, os seres. Estou discutindo a psiquiatria. Nesse caso, Moura, fulano ou beltrano emitiu um parecer com um diagnóstico, concedendo a bolsa-auxílio ou não. Ora, como a vida faz parte de um processo, nada disso é criticável, se remetermos ao Moura. Porém, a nível da Psiquiatria, é totalmente criticável. A questão é que, atualmente, não existe mais INSS. Neste momento, quero inserir "Moura" na história, não como um "ser", mas como um signo de si próprio, um interlocutor. Nesse caso, quero dizer textualmente: você não precisa mais fazer psiquiatria. Por que insiste? Entenda a sutileza do verbo. Acho interessante você "exercer" a psiquiatria, você ser formado em Medicina, o que lhe permite exercê-la. Entretanto, quero deixar o verbo "fazer" em aberto para você pensar. Você não precisa mais fazer psiquiatria. E por que ainda faz?
ResponderExcluirNota de rodapé: não estou dizendo, com isso, que você SOMENTE faz psiquiatria. Mas, a psiquiatria ainda faz parte de sua atuação. O que é engraçado é que, NESTE MOMENTO DA VIDA, não precisa mais fazer.É para isso que seu pensamento está caminhando, está se impulsionando. E, um dado curioso é que está sendo difícil segui-lo. Você sabe que é para aí que a vida caminha, mas aonde é que está o medo?
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