terça-feira, 12 de julho de 2011

Micro-entrevista

Pergunta - Antonio, você é psiquiatra e critica a psiquiatria. Não é uma incoerência?
Resposta-É o contrário, ou seja, uma coerência. Critico a psiquiatria por ser psiquiatra...

P-Explique melhor.
R-Falo do lugar de psiquiatra.Isso marca uma diferença. Conheço   as entranhas da máquina.  Aponto os grandes buracos teóricos da psiquiatria e acima de tudo, sua opção ético-política.Mas, procuro ir além da crítica e propor novas semiologias, uma psicopatologia descolada do modelo biomédico  e  outras políticas.

P-Como você chamaria a "sua" psiquiatria?
R-Para isso uso o conceito de Deleuze -Guattari: uma psiquiatria materialista, a que está voltada  para o coletivo. O coletivo  são as multiplicidades. Uma psiquiatria materialista  está aberta a múltiplos saberes.Do contrário, ela se  atrofia como pesquisa, sem falar de outros problemas.

P-Você tem interlocutores?
R-No âmbito da psiquiatria, creio que poucos. Admitir que a psiquiatria é uma instituição custa muito... então, não dá nem para começar a conversa.

P-Você  quer dizer mais alguma coisa?
R-Sim. Gostaria que os não-psiquiatras deixassem de pensar como psiquiatras cido-biológicos.É difícil, mas não impossível.

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