Por hora, gostaria apenas de entender como pode ser que tantos homens, tantos burgos, tantas cidades, tantas nações suportam um tirano só, que tem apenas o poderio que eles lhe dão, que não tem o poder de prejudicá-los senão enquanto tem vontade de suportá-lo, que não poderia fazer-lhes mal algum senão quando pretendem tolerá-lo a contradizê-lo. Coisa extraordinária, por certo; e porém tão comum que se deve mais lastimar-se do que espantar-se ao ver um milhão de homens servir miseravelmente, com o pescoço sob o jugo, não obrigados por uma força maior, mas de algum modo (ao que parece) encantados e enfeitiçados apenas pelo nome de um, de quem não devem temer o poderio pois ele é só, nem amar as qualidades pois é desumano e feroz para com eles.
Etienne de la Boétie - Discurso da servidão voluntária
"Simplesmente: o Positivismo, se aceitarmos esta última interpretação, era tudo menos uma filosofia. Aceitava ingenuamente os dados da experiência direta e imediata dos sentidos, sem qualquer espécie e crítica, para fazer deles depois a única base do seu sistema pseudo-filosófico e da sua concepção de mundo. Trocava, inconsciente e dogmaticamente, a velha metafísica, supondo-se liberto dela, por uma falsa positividade amputadora da realidade, a qual, no fundo, não era senão uma nova metafísica mais grosseira: a mecanicista e, logo atrás, a materialista." (Cabral de Moncada, pg. 319, in Filosofia do Direito e do Estado).
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