terça-feira, 15 de maio de 2012


ÉTICA E CÍNICA

Quem  é  o  paciente?  Quem  sofre?  Ele  mesmo  nos  procurou?  Por  quê? Para  quê?   Ele  quer viver? O que é viver?  São perguntas  elementares  para  a  formulação de uma  ética   de vida.  A  potência  de viver  ocupa um lugar de  destaque na  questão de uma  clínica  da  diferença.    Vale   para o   paciente  e  para o  psiquiatra. Num  meio clínico encharcado  de psiquiatria,  reina  a  ética   médica   envelhecida. Escapar  dela  e propor outra  coisa...  seria   possível? Talvez  uma  clínica  que   trabalhe a produção de novas  maneiras de viver... Ora,  a  psiquiatria   está morta como  pensamento [1]. Para turbinar novas  práticas,  iniciemos  pela  ética:  o Encontro com  o paciente  traduz esse  projeto: a materialidade   da  relação passa  a ser  constituída  por  afetos que  circulam nos  dois  sentidos. É  claro  que  pela sua  própria  definição,  há os bons e os  maus afetos.  Os  que  constroem e  os que  destroem.
(...)
A. M. - do livro Trair a psiquiatria

[1]   Usamos  “pensamento” no  sentido  deleuziano, ou  seja, um  pensar   não    restrito  a  interioridade de um  sujeito,  mas  voltado ao  encontro  com  o  Fora,    com   as   multiplicidades  do  mundo.    Ver Deleuze, G. e Guattari, F., Mil Platôs-Capitalismo  e Esquizofrenia, S. Paulo, Ed.  34, 1997,  vol.  5, p.43  a 
50.

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