CONTRA A CORRENTE
Ensinar psicopatologia é não ensinar a antiga-atual psiquiatria biológica. Há pouco a dizer, exceto que o assassinato da psicopatologia se avizinha na velocidade de um tempo cibernético. Não ensinar essa psicopatologia porque ela não problematiza os signos da clínica e reduz a expressão do paciente a falas e comportamentos padronizados em tabelas, gráficos e índices de normalidade. A loucura como experiência do mundo foi denegada e reduzida a significantes justapostos (cérebro e comportamento) que obedecem a métodos de pesquisa tão mais refinados quanto distantes dos afetos. Então, o ensino tornou-se ressequido em métodos cognitivistas e sintomas cerebrais que os referendam. Uma doutrina sectária se afirma sob o conforto da técnica e o prestígio da ciência.
(...)
A. M.
Pensar, pensar, pensar. É complicado discutir "O que é pensar?" Quanto mais, "Quem pensa?" Acho de extrema importância pensar dentro da realidade. Está certo que existem várias realidades, mas todas, até mesmo a psicótica, tem elementos em comum. Isso não significa que não exista diferença, e sim que as diferenças estão imersa em um contexto. Atualmente, todos vivem o Capitalismo. Dizer que todos pensam é o mesmo que dizer que ninguém pensa. Portanto, o Capitalismo não pode preencher tudo. Já que você está escrevendo sobre Depressões, acho ótimo partir daí. Ou seja, as Depressões existem justamente porque o Capitalismo não pensa por todos. Há diversos atravessamentos no pensar, inclusive os metafísicos, os abstratos. Mas, iremos ao infinito se assim procedermos. Então, vamos criando cascas de cebola, por exemplo, até chegar ao Brasil, podendo regionalizar mais ainda. No caso do Brasil, atualmente, a questão central é Brasília. O que acontece em Brasília está forçando a pensar. Isso quer dizer que, se ficarmos falando de psicopatologia em paralelo, estaremos numa realidade psicótica. Nisso não há nada de condenável, deplorável, imoral. É uma fragmentação apenas. Nesse sentido, o fundamental do pensar não afirmar O QUE VOCÊ PENSA. É, ao contrário, se imiscuir nas CONTINGÊNCIAS que lhe forçam a pensar, ainda que você não esteja preparado. Devir-Miguel e Psicopatologia fazem parte de um recorte, mas, que conexões esses elementos têm com o mundo aí fora? Eis a questão. Do contrário, incorreremos no mesmo familiarismo, comum tanto a Brasília quanto ao Capitalismo.
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