sábado, 14 de abril de 2012

CONTRA A CORRENTE

Ensinar  psicopatologia  é  não ensinar  a antiga-atual  psiquiatria biológica. Há pouco a dizer, exceto que  o assassinato da psicopatologia  se  avizinha na velocidade  de  um tempo cibernético. Não ensinar essa  psicopatologia  porque ela   não  problematiza  os  signos  da clínica  e  reduz a expressão do  paciente   a  falas  e comportamentos padronizados em tabelas, gráficos e índices  de normalidade. A loucura como experiência do  mundo foi denegada e reduzida a significantes   justapostos (cérebro e comportamento) que obedecem a métodos de pesquisa  tão mais refinados quanto distantes dos  afetos. Então, o ensino  tornou-se  ressequido em métodos cognitivistas  e  sintomas cerebrais  que os  referendam. Uma doutrina  sectária se  afirma  sob  o conforto da  técnica  e o  prestígio   da ciência. 
(...)
A. M.

Um comentário:

  1. Pensar, pensar, pensar. É complicado discutir "O que é pensar?" Quanto mais, "Quem pensa?" Acho de extrema importância pensar dentro da realidade. Está certo que existem várias realidades, mas todas, até mesmo a psicótica, tem elementos em comum. Isso não significa que não exista diferença, e sim que as diferenças estão imersa em um contexto. Atualmente, todos vivem o Capitalismo. Dizer que todos pensam é o mesmo que dizer que ninguém pensa. Portanto, o Capitalismo não pode preencher tudo. Já que você está escrevendo sobre Depressões, acho ótimo partir daí. Ou seja, as Depressões existem justamente porque o Capitalismo não pensa por todos. Há diversos atravessamentos no pensar, inclusive os metafísicos, os abstratos. Mas, iremos ao infinito se assim procedermos. Então, vamos criando cascas de cebola, por exemplo, até chegar ao Brasil, podendo regionalizar mais ainda. No caso do Brasil, atualmente, a questão central é Brasília. O que acontece em Brasília está forçando a pensar. Isso quer dizer que, se ficarmos falando de psicopatologia em paralelo, estaremos numa realidade psicótica. Nisso não há nada de condenável, deplorável, imoral. É uma fragmentação apenas. Nesse sentido, o fundamental do pensar não afirmar O QUE VOCÊ PENSA. É, ao contrário, se imiscuir nas CONTINGÊNCIAS que lhe forçam a pensar, ainda que você não esteja preparado. Devir-Miguel e Psicopatologia fazem parte de um recorte, mas, que conexões esses elementos têm com o mundo aí fora? Eis a questão. Do contrário, incorreremos no mesmo familiarismo, comum tanto a Brasília quanto ao Capitalismo.

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