domingo, 15 de abril de 2012

O ESTADO E SEUS POLOS

(...) (...) Donde o caráter muito particular da violência de Estado: é difícil assinalar essa violência, uma vez que ela se apresenta como já feita. Não é nem mesmo suficiente dizer que a violência reenvia ao modo de produção.Marx observava  no caso do capitalismo: há uma violência que passa necessariamente pelo Estado, que precede o modo de produção capitalista, que constitui a "acumulação original" e  torna possível esse próprio modo de produção. Se nos instalamos dentro do modo de produção capitalista, é difícil dizer quem rouba e quem é roubado, e mesmo onde está a violência. É que o trabalhador nasce aí objetivamente todo nu e o capitalista "vestido", proprietário independente. O que formou assim o trabalhador e o capitalismo nos escapa, uma vez que já é operante em outros modos de produção. É uma violência que se coloca como já feita, embora ela se refaça todos os dias.
(...)
G. Deleuze e F. Guattari - do livro Mil platôs

Um comentário:

  1. Discutir Brasília, por exemplo, não é discutir um elemento essencial ao Estado. O Estado não necessita de Brasília e Brasília sequer o representa. A discussão do Estado é complexa, mas está dentro da "ordem". Não adianta dizer que só existe "caos". Certamente, há o caos e o acaso, mas, se não houvesse ordem, Miguel não se alimentaria todos os dias. Pode-se discutir Brasília por vias da história do Brasil, mas isso é por demais batido, é uma representação. Pensar não é isso. Pensar, por exemplo, é realmente se engajar naquilo que vem à tona, naquilo que aparece, a despeito de todas as questões que se tenha pessoalmente, seja com a psiquiatria, com a psicologia, consigo próprio, enfim. E, de outro lado, pensar é também criar conceitos dentro dessa realidade muitas vezes asquerosa. Por exemplo, uma idéia interessante de se pensar Brasília é pelas vias da relação entre poder e responsabilidade. O conceito de responsabilidade é pouco explorado. No momento, estou muito atarefado para destrinchá-lo; mas, cursei um tempo de matéria do Mestrado de Filosofia só sobre este tema, como aluno especial. Tenho um material guardado. Teria que evocá-lo. Mas, creio que seja um bom caminho. Pensar não é repetir a mesma coisa sempre, e sim repetir um dado novo, repetir com elementos novos. Muito já se falou sobre Brasília, mas em que termos? Do mesmo modo, muito já se falou e se criticou da Psiquiatria, mas em que termos?

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