DA PSIQUIATRIZAÇÃO DO MUNDO
O psicopata não só incomoda , mas assusta, mete medo. Ser
doente sem ser doente acaba por
desconcertar a percepção clínica que não
costuma ser a de uma
psiquiatria coletiva e
materialista
[1]. Ao contrário,
uma clínica das
multiplicidades trabalha com as linhas de vida que o psicopata não expõe, mas vivencia. Tal postura nada tem a ver com uma visão otimista do ser
humano. A História faz
pensar o contrário. Ainda assim, o
paciente não é julgado. O trabalho da diferença não é o de um juiz.
Ele se traduz nas conexões ético-políticas do
Encontro. É um movimento contra a
produção individualizante do tipo anti-social. Esta “obedece” ao figurino
psiquiátrico baseado num humanismo estigmatizador da Desordem
e na detecção de uma suposta essência do Mal. É necessário, pois, abstrair
a discussão
clínica mediante a aquisição de novos elementos conceituais.
Interpelar a Medicina,
o Direito, a Família, o Estado, a
Escola, a Mídia, a Religião, entre
outros poderes, é operar sobre o diagnóstico, a etiologia e o
tratamento do anti-social num plano coletivo.
Antonio Moura
[1]
Psiquiatria coletiva: a que concebe o saber psiquiátrico como não
hegemônico, atravessando e sendo
atravessado pelas multiplicidades de saberes sobre a loucura. Psiquiatria materialista: a que coloca os
afetos e os sistemas de crença do
paciente como base para o trabalho clínico.
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